Convidei membro da Diretoria do CPC da comunidade e filha de Dona Francisca Helena, umas das protagonistas da história desta comunidade, para fazer o relato de sua trajetória. Vejamos: Maria Rita de Cássia.
Tendo sua sede à Rua Santa Rita, 193, no Bairro Santa Bárbara, a Comunidade Santa Rita teve seu início no ano de 1964, quando o Sr. Gentil Bicalho, devoto fervoroso de Santa Rita, fez a doação do terreno e nele construiu a capela.
O Começo – No dia 9 de Julho de 1967, o Bispo Diocesano, Dom Marcos Antônio Noronha, em missa concelebrada com o Pároco, Padre João Batista Gomes Neto, benzeu a igrejinha. Nela havia apenas uma imagem de Santa Rita, a qual também foi doação do Senhor Gentil. Inicialmente não havia bancos, mas apenas uma imagem da santa padroeira, doada pelo próprio construtor/doador. Alguns paramentos e alfaias foram providenciados com a própria família do Sr. Gentil. O primeiro batizado realizado na modesta Capelinha foi o de Núbia (neta do Senhor Gentil).
No início, a Capela ficava fechada, e as chaves, em poder de seu doador, que a ela se dirigia quando queria rezar. A proximidade da Capela, com certeza, despertou a devoção aos moradores das proximidades, que lá compareciam, desejosos de externar sua devoção. Certo dia, o Sr. Gentil Bicalho chegou à capela e viu uma senhora de nome Francisca Helena, minha mãe, que estava ajoelhada e rezando do lado de fora. Enternecido, ele pediu que ela ficasse com as chaves e cuidasse da capela, já que a mesma era devota e morava nas proximidades. Minha mãe não somente aceitou a incumbência, mas também prometeu cuidar da capela enquanto ela tivesse saúde, considerando que era um hábito que mantinha desde que morava em sua terra natal. De posse das chaves, passou a convidar algumas vizinhas para, juntas, rezarem o terço todas as quintas-feiras, às 15 horas. Com o passar do tempo, outras pessoas foram aderindo, e a tradição continua até hoje: ás quintas um grande número de pessoas ali se reúne para rezar.
Aquele grupo inicial, constituído por Dona Francisca Helena e algumas vizinhas como D. Ana Celestina, D. Regina, D. Dinorah, D. Maria de Nazaré, sua filha Maria do Carmo, D. Francisca (mãe do Sr. José Felipe) e seus filhos, começaram a se articular para melhorar o local. Promoveram campanhas para a compra dos bancos com a ajuda de Dona Conceição Vieira e Drª. Maria Déa Ramos Almeida (do Hospital Margarida). Manter limpo o poeirento adro da Capela dava trabalho: como não havia água encanada para molhá-lo antes de varrer, era necessário buscar no moinho localizado na fazenda do Sr. Gentil Bicalho, onde hoje é a igreja do Sagrado Coração de Jesus. As mulheres e seus filhos buscavam água, e algumas vezes o Sr. Valico os ajudou naquela tarefa, transportando a água em uma caminhonete. Na realidade, o cuidado com a Capela estava aproximando as pessoas em torno de um interesse comum. Estava nascendo a comunidade.
Festa da Padroeira – No ano seguinte, a comunidade realizou a primeira festa de Santa Rita. As flores para o andor vinham de Belo Horizonte. Era tudo muito simples e bonito, pois tudo era feito com muito carinho. Sem a infraestrutura das festas de hoje, famílias e filhos, cada um ajudava como podia. Mesmo assim, as festas se estendiam noite adentro: vendia-se canjica, quentão, pastel, pipoca e beijo quente. Havia a quadrilha marcada pelo Sr. Nelson e os jovens faziam questão de participar. Havia outras atrações: bingo, recado do coração, coelhinho na toca, pau de sebo, fogueira, casamento na roça. E havia as coroações de Nossa Senhora de Fátima, sempre muito bem preparadas por uma equipe.
Frutos e resultados – Os resultados não tardaram a aparecer. Muitos moradores do bairro foram-se envolvendo na comunidade, somando e aglutinando forças. Podem ser citados, por exemplo, Sr. Itagiba Paiva, Sr. Pedro Machado, Sr. Agostinho Aniceto, Sr. Jose Magalhães, Sr. Antonio Crispim, Sr. Jose Ferreira, Sr. Jose Felipe, Sr. Antonio Paraíba, D. Mercês, D. Marieta Avelar entre outros. Formou-se também um Coral, formado por jovens, coordenado e regido pelo Sr. Bené Aniceto. Colheu-se até uma vocação entre os garotos que se ofereciam para ajudar a D. Francisca a arrumar a igreja: o hoje Padre José Marcelino Magalhães Filho, Reitor do Seminário e Pároco de São José Operário.