Quem conta a história da comunidade é a Geralda Sabina Alexandre . Ouçamo-la:
“A história se faz com o tempo, e nós vivemos o próprio tempo. Somos participantes ativos ou passivos da formação da história de um povo ou de um lugar. Assim, através de levantamentos realizados juntamente com moradores mais antigos do Bairro São Benedito, foi que consegui informações para o meu relato.
No final da década de 60, início da década de 70, havia um lugarejo nos arredores da cidade de João Monlevade que, mais tarde seria conhecido com o nome de São Benedito. Localizado às margens da linha férrea da Belgo-Mineira, na ocasião, não havia ali moradores e a área era usada por seu proprietário para a criação de gado e para plantio.
Esta área era dividida por um córrego, cuja nascente vinha de um lajedo de pedra, indo desaguar no córrego de Carneirinhos. De um lado do córrego, o lugar era conhecido como “Marmota” porque, segundo se dizia, havia uma senhora, moradora em tempos remotos naquele lugar, assim denominada por causa de seus trajes: uma saia exageradamente longa e um lenço esquisito amarrado na cabeça. Segundo consta, ela era mesmo estranha, parecia uma marmota, apelido usado para pessoas com maneiras estranhas no comportamento ou na aparência, embora a palavra “marmota”, segundo os dicionários, seja o nome de pequeno quadrúpede roedor. Do outro lado, o esquerdo, era chamado de “quilombo”, mas as fontes pesquisadas não souberam informar a razão pela qual fora dado esse nome para o local.
O terreno era de propriedade de um tal de Telécio Batista, que vendeu os primeiros lotes para Benerval Zacarias, Antônio Barbosa e Jeremias, os quais construíram ali suas moradias. Apesar de a área não ter nenhuma infraestrutura urbana, outras pessoas começaram a comprar lotes e construir suas casas, formando-se, assim, uma pequena comunidade. Na época das compras dos lotes, muitas pessoas não quiseram comprar lotes às margens do córrego, pois dizia-se que era brejo e não daria para moradia, pelo fato do local ser muito úmido.
Certo dia, no ano de 1974, o Padre Jacinto, integrante da Congregação dos Missionários de Maria Imaculada, que assumira recentemente a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, estando na casa do senhor Benerval Zacarias para uma celebração religiosa, em dado momento, após a celebração, em bate papo informal, perguntou ao morador qual era o nome daquele bairro, obtendo como resposta: Marmota “Mas isso não é nome de bairro!”– disse, caçoando, o sacerdote.
No decorrer da conversa, Padre Jacinto perguntou ainda a Benerval qual era suab função na Guarda de Marujos, pois fora nessa situação que o sacerdote o conhecera. Benerval respondeu que seu cargo era o de “Rei de São Benedito”.O Padre Jacinto não perdeu a deixa: “Então, a partir de agora o nome do bairro vai ser Bairro São Benedito!” E assim foi.
Com as reuniões da comunidade sendo realizadas com freqüência na casa do Sr. Raimundo, os moradores conseguiram, na gestão de Antônio Gonçalves (1977-1982), que as ruas fossem demarcadas, mas ficaram por algum tempo sem calçamento, rede de esgoto e iluminação. Foi o Prefeito Germin Loureiro que providenciou melhorias para o bairro, levando até aquela comunidade, água, luz e rede de esgoto.
A Festa de São Benedito é realizada tradicionalmente no Bairro no mês de julho, em um galpão construído especialmente para esta finalidade, na casa do Sr. Benerval, considerado um dos fundadores do bairro.
Geralmente se reza a novena com encerramento num fim de semana: no sábado, se faz o levantamento dos mastros com as imagens de S. Benedito e de Nossa Senhora do Rosário; no domingo, durante todo dia acontece uma festa muito animada com o encontro das Guardas de Congados, prestigiado pela presença de Guardas de outras localidades como a da cidade de Raposos e outras localidades. É tradição, ainda, servir almoço aos Congadeiros presentes e a todo o pessoal presente na festa. No final da tarde, encerrando as festividades, um café reforçado é servido a todos antes que retornem a suas casas.
É sonho de toda comunidade de bairro construir um Centro Comunitário para suas reuniões e celebrações. Com a Comunidade do Bairro São Benedito não foi diferente. Pensando na possibilidade de construírem seu próprio Centro Comunitário, moradores do bairro se reuniram e escolheram uma Diretoria com mandato de dois anos, que tem o Sr. José Ferreira de
Castro como Presidente. Criaram o estatuto, registraram-no em cartório e começaram a promover almoços e outras atividades, para arrecadação de recursos para aquisição do terreno, contando, ainda, com doações espontâneas dos moradores.
Depois de muitos anos de trabalho árduo, mas sempre com o apoio da comunidade, foi comprado, das mãos do Sr. Remiro Moreira da Silva, um terreno na rua B, com área de 360 metros quadrados, em 12 de agosto de 1997, pelo valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais).
Já se encontra em fase de construção a sede do Centro Comunitário, com estrutura para mais de um pavimento. Como ainda não está pronto, as reuniões são realizadas na casa do Presidente. Atualmente temos Celebrações Eucarísticas uma vez por mês, realizadas no galpão da casa do Sr. Benerval, geralmente às 19 h. Essas celebrações começaram a acontecer com a posse do Padre Aloísio Vieira como Pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Este sacerdote começou a reunir-se com a comunidade, criando assim uma maneira de uni-la ainda mais e atraindo outras pessoas para a prática religiosa”.
Atualmente a comunidade está com a construção bastante adiantada da Capela, que já dispõe de Capelinha do Santíssimo. O salão de baixo já está com os pisos externo e interno prontos. A comunidade realiza promoções e contribui também com carnês para providenciar recursos para as obras. Reunindo-se na 1ª sexta feira de cada mês para a missa e na 3ª sexta-feira do mês para a celebração, a comunidade prossegue sua caminhada com bastante fé no futuro.