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A Paróquia

A Criação e Caminhada da Paróquia


Vista parcial do bairro Carneirinhos nas décadas de 50/60, na região da avenida Getúlio Vargas e a rua Ricardo Leite

 

No dia 25 de dezembro de 1959, sendo o Papa João XXII Pontífice Máximo da Igreja e Dom Helvécio Gomes de Oliveira Arcebispo Metropolitano de Mariana, foi editado o decreto de criação da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, situada no povoado de Carneirinhos, Distrito de João Monlevade, município de Rio Piracicaba.
Estava toda a igreja de Deus vivendo as alegrias natalinas, celebrando mais uma vez o nascimento do Senhor, festa que renova nossas almas o sentimento de fé e de esperança. Em Carneirinhos, naquele ano particularmente, o nascimento de Jesus representou, mais do que a renovação da esperança, o renascimento de uma certeza: a comunidade-povo ganhava o passaporte para a maturidade, uma vez que, jurídica e canonicamente, constitua-se em célula responsável e independente dentro da Arquidiocese de Mariana.

Certamente em muitos corações este sentimento de alegria veio acompanhado de um desejo inconfesso: por que não viramos cidade de uma vez? Deus, entretanto, já tinha decidido, que dentro de muito pouco tempo, a “Cidade de Deus” e a “Cidade dos Homens” igualaria seus limites e derrubariam suas fronteiras.

O decreto de criação da Paróquia foi assinado por Dom Oscar de Oliveira, Arcebispo Coadjutor “sede plena”, isto é, com direito à sucessão. Neles constatavam nos termos do Código de Direito Canônico em vigor, os direitos e privilégios da nova paróquia: “possuir pia batismal (Cân. 774, §1) cemitério eclesiástico (Cân.1208 §1), ter seus respectivos livros paroquiais (Cân. 470) e Livro de Fábrica”. Nele constam também os limites da nova paróquia, estabelecidos de comum acordo, em data anterior, pelo Cônego Higino e pelo Padre João: seu território se iniciava no antigo Posto do Tenente (que marca hoje o encontro das Avenidas Getúlio Vargas e Armando Farjado), e englobava Carneirinhos, Loanda Laranjeiras e Cruzeiro Celeste,

Na mesma data, o Arcebispo, em instrumento específico, nomeou como primeiro Pároco o Padre João Batista Gomes Neto, que já estava em Carneirinhos desde 31 de janeiro de 1958, como Vigário Cooperador do Cônego Higino, para cuidar dos interesses da Capela de Carneirinhos, e delegou o Cônego Higino a competência para dar-lhe a posse canônica.

 


Dom Helvécio Gomes de Oliveira

 

A posse do Padre João, foi conduzida pelo Cônego Higino, realizou-se às 10 horas doa manhã, do dia 14 de fevereiro de 1960, no interior da Igreja Matriz da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Na ocasião o Cônego Higino leu o Decreto de Criação da nova paróquia, recebeu, nos termos do Direito Canônico em vigor, a Profissão de Fé e o Juramento do novo pároco e fez lavrar uma Ata de posse que foi assinada pelos dois sacerdotes e mais algumas testemunhas escolhidas, a saber: José Pedro Machado, Geraldo de Paula Santos, Padre Alípio Martins Pinheiro, Antônio Marcelino Gomes, Eugênio dos Santos Ribeiro w mais uma pessoa (assinatura ilegível).
São muitas as datas. Fiquemos, entretanto, com a data da criação da Paróquia – 25 de dezembro de 1959 – como seu principal marco histórico. Isto “porque a fundação de uma paróquia é sempre motivo de justa alegria para toda a igreja e, de modo particular, para os fiéis, que sob a direção de um Pastor, se sentem mais unidos pelo vínculo da fraternidade Cristã constituindo uma nova família paroquial”.

Com efeito, desde muito tempo, o povoado de Carneirinhos, integrante do Distrito de João Monlevade, vivendo excelente fase de desenvolvimento, vinha experimentando também um grande crescimento populacional, o que implicou, uma nova estruturação paroquial. A única paroquia existente, era a de São José Operário, que tinha como Pároco o Cônego Dr. José Higino de Freitas, então auxiliado pelo Vigário Cooperador Padre Antônio Henriques de Albuquerque, abrangia três capelas: a da Vila Tanque, a de Carneirinhos, a de do Cruzeiro Celeste, conhecido na época como Jacuí de Cima.

 


Igreja São José Operário

 

A nova demarcação territorial das paroquias dividia o Distrito em dois blocos distintos e homogêneos, para melhor facilitar o atendimento: São José Operário continuaria a cuidar da Vila Tanque e dos quarteirões situados em torno da Belgo-Mineira, habitados principalmente por operários metalúrgicos; Nossa Senhora da Conceição , estenderia seu manto protetor sobre a parte comercial da cidade e sobre os bairros, sempre muito populosos, que se desenvolveriam ao longo das Avenidas Armando Fajardo, Getúlio Vargas, Wilson Alvarenga e Alberto Lima.
[…] Não passaria muito tempo e a nova paróquia seria dividida para atender melhor os interesses dos fiéis.
Antes, porém, a Arquidiocese de Mariana passou por uma reorganização territorial e administrativa, desmembrando parte significativa de seu território para constituir a nova Diocese de Itabira, criada em 18 de julho de 1965.

[…] Na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Padre João convocou as associações religiosas e o laicato para a reflexão e logo começaram a surgir os primeiros frutos: criaram-se as primeiras comunidades de base que estão na gênese de toda a atividade religiosa que se desenvolve e cresce a cada momento na paróquia.

Na década de sessenta, houve grande crescimento das comunidades que nasceram ao longo da Avenida Armando Farjado, via de entrada para quem provinha de Belo Horizonte, através da recém-inaugurada BR-31 (atual BR-262). Ocorreu, então, a primeira divisão paroquial: criou-se, nos Bairros de Loanda/Cruzeiro Celeste, com sede na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Loanda), uma nova paróquia entregue aos cuidados do Padre Geraldo Ferreira Monção. Quase na mesma ocasião, também a Paróquia de São José Operário viu separar-se dela a área da Vila Tanque/Área Preta/Baú, que se tornou a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, sendo seu primeiro pároco, o Padre Carlos Pimenta de Figueiredo. […]

O Padre João Batista Gomes Neto, em finais de 1972, retornou à diocese de Mariana. Assume a paróquia o Padre José Miranda. Na época, o território da paróquia crescerá novamente: “Senti logo o peso do trabalho a ser feito – escreve o Padre José – A paróquia dividida em 17 comunidades, incluindo Loanda, Cruzeiro Celeste, Laranjeiras, Metalúrgicos e Posto, a exigir a presença e o estimulo da gente para continuar a funcionar e a retomar a vida”. No curto período que que aqui ficou, instaurou a pastoral do Dízimo, transferiu para a Prefeitura Municipal a propriedade do Cemitério, cuja manutenção estava muito dispendiosa, e instalou o primeiro Conselho Pastoral Paroquial, cuja diretoria foi constituída por Pedro Vitor Luzia (Presidente), José Ricardo Magalhães (Secretário) e Itagiba Tavares de Paiva (Tesoureiro). A partir de fevereiro de 1974, a paróquia é confiada à Congregação do Imaculado Coração de Maria.

Os padres desta Congregação, todos belgas, vieram para assumir o território original da paróquia (ai compreendidos os bairros de Loanda e Cruzeiro Celeste). Primeiro chegaram os Padres de Rafael D’Hondt e Marcos Ockermam. Mais tarde, no mesmo ano, chegou o Padre Renato Stormacq. Padre Ernesto Beaumont veio em 1974. Padre Jacinto Daniels e Padre Estevão Watlé chegaram em 1978. Padre Marcos Aedens (Marcão), em 1982, quando já ocorrera uma mudança geral na equipe. Padre Henrique Dominicius chega em 1983 e fica uns tempos com o Padre Estevão para preparar a entrega da paróquia a diocese, o que ocorreria no final de 1983. Creio que, conforme costume da congregação desenvolveu na cidade um trabalho de evangelização marcado por uma forte presença e participação na vida das comunidades eclesiais de base e nas lutas dos trabalhadores metalúrgicos. Também a Pastoral Familiar e a Pastoral da Juventude foram implementadas neste período. Algumas irmãs da mesma congregação se integraram ao trabalho: a primeira a chegar, em 1974, foi a belga Jane; depois, a americana Sue e, um ano depois, chegou também Paula Van Clooster. Em setembro de 1979, elas terminaram o trabalho na Paróquia, sendo transferidas para o Pará.

 


Igreja Matriz – Nossa Senhora da Conceição

 

De 1984 a 2009, novamente sob a responsabilidade dos sacerdotes do Clero Diocesano, a paróquia prossegue sua caminhada dando andamento às diversas pastorais e assistindo social e espiritualmente às comunidades eclesiais de base. Um desafio comum foi enfrentado e resolvido por eles nos últimos anos[…]

[…] a partir de 14 de fevereiro de 1993, as comunidades de Loanda e Cruzeiro Celeste, São novamente destacadas da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, a nova Paróquia São Luiz Maria Montfort. Por volta dos nos oitenta/noventa, após a construção da Avenida Alberto Lima tinham nascidos muitas comunidades ao longo desta importante via pública. As novas comunidades, foram fraternalmente divididas entre a Paróquia Nossa Senhora da Conceição e aquela que acabava de ser assumida pelos Monfortinos. Por outro lado, foram crescendo aqueles aglomerados humanos, inicialmente constituídos de pequenos sítios e chácaras, em direção à localidade de Pacas, que pertence ao município de São Gonçalo. Não tardou que a autoridade religiosa incorporasse a Comunidade de Santa Rita de Pacas, de quem estávamos tão próximos geograficamente, aos domínios da paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Isto aconteceu no paroquiato do Padre Jorge, em 1993. […]

Encerrando essa trajetória, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição procura inserir-se cada vez mais na caminhada da Diocese. Neste sentido, ela se integra, em comunhão com as outras paróquias da diocese. Assim, em consonância com os ensinamentos da Igreja de Cristo e com as diretrizes de seu bispo diocesano, ela se faz discípula e missionária de Jesus Cristo nesta porção do Reino de Deus que se chama João Monlevade.

Fonte: Prof. Dadinho (Org.). COMUNIDADE PAROQUIAL DE CARNEIRINHOS NOSSO JEITO DE SER IGREJA: passos de uma caminhada de fé e serviço. João Monlevade, 2009, p. 31-36,40-48.