Glória a Deus e Paz na Terra. Eis a mensagem sempre nova do Natal de Jesus Cristo. Dando glória a Deus, queremos agradecer o seu desígnio de salvação. Ao desejar a paz para o mundo, estamos sintonizando com a vontade de Deus, que nos criou para a felicidade. Desejar a glória de Deus é zelar a fim de que os valores do Evangelho de justiça e paz possam ser conhecidos e assumidos, revelando sempre mais a misericórdia divina neste mundo. A paz na Terra é o reflexo da glória de Deus e fruto da vivência do amor como Jesus nos ensinou. Há, no entanto, um desafio constante para os que se empenham em promover a paz, pois a miséria e a violência marcam a história da humanidade.
A miséria tem sua fonte no egoísmo, que gera a cobiça doentia, causando a desordenada concentração de riquezas nas mãos de uma minoria e relegando à condição de excluídos contingentes cada vez maiores da humanidade. A injusta distribuição de bens, com a inaceitável desigualdade social, questiona nossa consciência. É triste constatar os enormes bolsões de miséria que escondem milhões de cidadãos à espera de quem lhes estenda as mãos. Como ter paz quando tantos irmãos sofrem assim?
Outro fator que asfixia a vida humana é a série de agressões, roubos e assassinatos e também as terríveis guerras, cuja origem é o ódio, que causa a destruição e a morte e difunde um ambiente de medo e de insegurança na sociedade.
Jesus, Filho de Deus, ao entrar nesse mundo, veio nos conseguir a vitória sobre o pecado e mostrar o caminho da paz. Ensinou-nos a lição do amor fraterno que há de vencer a miséria e a violência. A celebração do Natal convida-nos a renovar o dinamismo da partilha e do perdão. Isso vale para os gestos pessoais de auxílio mútuo com atenção prioritária aos mais necessitados e o empenho para a reconciliação no seio das famílias, esquecendo mágoas e ressentimentos. A lição do Natal estende-se, também, à inteira sociedade e tem uma forte dimensão social, movendo-nos a ações que transformem a sociedade e superem as graves injustiças que até hoje perduram entre nós -como a espera inexplicável de uma distribuição mais eqüitativa da terra, a questão de moradia nas cidades e a homologação das áreas indígenas no anseio de vida digna para todos.
Peço a Deus que, no ano de 2006, sejam promovidas as reformas necessárias para o bem dos sem-teto e dos sem-terra, numa ação conjunta dos governantes e da sociedade.
Contemplando, nos braços de Maria, Jesus, o Filho de Deus, que se identifica com os pequenos e pobres, há de crescer em nós a força e a alegria do amor.
Como seria bom que a tradição de dar e receber presentes na noite de Natal se transformasse na iniciativa diferente de atender em primeiro lugar aos mais necessitados com alimento, roupas, remédios e instrumentos de trabalho e outros benefícios. É feliz o Natal de quem faz os outros felizes!