Prezados paroquianos, a nossa transformação começará quando a fraternidade e a corresponsabilidade forem imperantes no tecido social. É preciso aprender a viver juntos, e isto se dará efetivamente na educação para os valores essenciais da família, que constitui a primeira célula da sociedade. Daí as outras esferas se sentiram também contempladas e alicerçadas de tamanho valor. Neste mundo globalizado, diz o Papa Francisco, “a política se torna cada vez mais frágil perante os poderes econômicos transnacionais”. Por isso, questiona ele: “Qual significado tem hoje palavras como democracia, liberdade, justiça, unidade? Foram manipuladas e desfiguradas para utilizá-las como instrumento de domínio, como títulos vazios de conteúdo”. Essa desfiguração de sentido da vida sociopolíticas e deve, sobretudo, à manipulação das consciências dos jovens e à imposição de culturas de cunho consumista e individualista.
O amor social se traduz em atos de caridade que criam instituições mais sadias e estruturas mais solidárias. Estruturar a sociedade, por exemplo, “de modo que o próximo não se venha a encontrar na miséria” é um ato de caridade que, segundo o Papa, tem a conotação de “amor político”. A política é o mais alto grau da caridade, afinal dar de comer a um desempregado é expressão de amor, mas assegurar o direito ao trabalho a muitos, pela ação política, é expressão intensa de amor porque os emancipa e os dignifica.
Neste tempo difícil da pandemia Covid-19, o Papa Francisco mais uma vez continuou a elaborar sobre esses pensamentos de interdependência e interconectividade e a relação entre nossos excessos, nosso individualismo, nosso nacionalismo e o sofrimento que estávamos vendo ao nosso redor. Só juntos poderíamos curar este mundo ferido, só transformando, convertendo em uma cultura de cuidado, de responsabilidade, de harmonia, de escuta, sairia desta crise mais forte. Uma palavra volta tantas vezes que é difícil contar, como uma repetição meditativa ao longo do texto. Ame. Amor ao próximo, amor ao nosso povo, amor à nossa cultura, amor social, amor político, amor fraterno. Enquanto ele nomeia as nuvens que pairam sobre nosso mundo, ele compartilha conosco como persegui-las e como imaginar um novo mundo juntos. Mas o que fica claro ao longo desta carta do Papa é que novos sistemas devem ser imaginados, novas ideias devem ser consideradas, novos caminhos devem ser construídos, e a única maneira de isso acontecer é se abrirmos nossos corações, agirmos juntos pela justiça, dignidade, solidariedade e o bem comum. A paz será possível “com base em uma ética global de solidariedade e cooperação a serviço de um futuro moldado pela interdependência e responsabilidade compartilhada em toda a família humana”.
Um fraternal abraço para todos!
Padre Marco José e Diácono Geraldo Luciano.