O tempo dedicado aos trabalhos da Igreja pode ser considerado dízimo?
Esse é um assunto que gera bastante dúvida quando se reflete sobre o dízimo. É comum encontrarmos a resposta das pessoas que atuam em alguma pastoral: “já atuo na pastoral, este é o meu dízimo”.
Tomando como base os textos bíblicos Gênesis 14:20, Deuteronômio 14:22, Malaquias 3:10, Mateus 23:23 e outros, o dízimo era representado por ofertas das colheitas e dos produtos de conquistas, e repassados ao templo para ajudar na manutenção e alimentação dos que estavam a serviço do Reino de Deus.
Trazendo a reflexão para os tempos atuais, a forma de contribuir com o dízimo foi substituída por contribuições, doações financeiras tendo em vista a evolução e a praticidade, que igualmente dão sustento à comunidade e garantem a continuidade do projeto de evangelização deixado por Jesus Cristo. Assim, fica claro que através do dízimo a Igreja pode cumprir a sua missão “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda cratura” Mc 16:15.
Assim, “O dízimo é uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja. Ele pressupõe pessoas evangelizadas e comprometidas com a evangelização.” (Doc. 106 p.13)
Contribuir com o dízimo é um ato de generosidade, compromisso e amor para com o projeto de evangelização. É um reconhecimento da presença de Deus na vida, onde percebe-se que tudo o que tem vem de uma benção divina e como forma de gratidão e alegria, acontece a contribuição com o dízimo para dar sustento ao caminho que a Igreja faz.
Dessa forma, o tempo dedicado às tarefas na Igreja faz parte do compromisso individual da missão assumida, quando foi dado o “sim” ao chamado, de modo que tal tempo deve ser dedicado com amor e na liberdade alegre de contribuir e fazer parte do todo. Deve-se desempenhar as atividades por desejar, assim como quando contribui com o dízimo, que o projeto de evangelização aconteça na comunidade, na vida das pessoas.
Quando alguém abre o seu coração para Deus, o amor divino não é dado mais ou menos, ou de qualquer maneira. Ele é entregue em plenitude, transformando a realidade de quem o recebe. Assim deveria ser a nossa dedicação e a nossa contribuição com o dízimo, com o amor, o compromisso e o empenho que transforma. Não queiramos ser somente mais um no caminho, ou estar envolvidos porque não soubemos dizer não. Tal entrega é transformadora na vida de quem a dedica, assim como refletem e interferem positivamente na vida da comunidade.
Que sejamos inspirados e comprometidos com o projeto deixado por Jesus Cristo, seja na dedicação do tempo, assim como na contribuição do dízimo que dá sustento à missão da nossa Igreja.
Lailma Feitosa
Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte