O “voto ético” é o voto consciente que supera o velho costume de votar por tradição, para pagar favores, para obedecer a vontade da empresa, da religião, dos parentes, dos cabos eleitorais, para quem leva vantagem nas pesquisas, por razões da aparência física e simpatia do candidato, por força de palavras, discursos, promessas, demagogia, etc. Voto ético é voto consciente, livre, secreto, responsável. Com candidatos e eleitores competentes construiremos uma pátria mais digna e viveremos com mais segurança e paz.
Temos candidatos competentes, conscientes e dignos da credibilidade. É hora de mudar para melhorar nossa qualidade de vida. A educação e conscientização política é o caminho que leva à libertação, à mudança de mentalidade. Neste sentido a Igreja tem sua doutrina social há mais de um século, oferece aos fiéis escolas de fé e educação social, organiza os grupos de reflexão, compõe cartilhas políticas, estuda e divulga documentos do Concílio Vaticano II e dos Papas, institui cursos de teologia e consulta as Sagradas Escrituras.
A política não se esgota nas eleições. A responsabilidade dos cidadãos não acaba nas urnas. Além da democracia eleitoral, precisamos conquistar a social. Nossa tarefa é educar os eleitores. Os cristãos não podem ficar indiferentes, estranhos indolentes diante de questões sociais, porque todos somos responsáveis por todos. Ainda mais, “a caridade não pode estar dissociada da justiça” e os fiéis leigos não podem abdicar da participação na política enquanto promoção do bem comum.
Exercemos a cidadania e a democracia principalmente através do voto, que é o exercício mais claro e direto do poder do cidadão e do povo na política. Omitir-se é então a pior forma de fazer política. O voto é a expressão da vontade do cidadão, uma forma de participação política, talvez, a mais decisiva da parte do povo e das pessoas. A eleição é, por assim dizer, a espinha dorsal da democracia, através da qual o povo escolhe seus representantes, delegando a eles o poder de decidir em seu nome sobre os interesses que são de todos.
No momento atual, uma constatação preocupa. Parece se alastrar uma apatia política. E cresce o descrédito dos políticos. As razões são diversas. Mas todas convergem para nos alertar sobre o perigo do descrédito do próprio sistema político, pelas constantes frustrações dos cidadãos. Eles estão ficando saturados do distanciamento crescente entre o efetivo exercício do poder e a vontade dos eleitores que o constituiu este poder. E’ urgente reverter esta expectativa. E’ preciso aproximar novamente o poder político de sua fonte, que é o povo.
E aprimorar a democracia representativa, modificando o processo eleitoral, tendo como fulcro central o fortalecimento dos Partidos, que são os instrumentos indispensáveis para aglutinar a vontade política dos eleitores e para colher suas propostas de organização da sociedade em vista do bem comum.
Em todo o caso, por limitadas que sejam estas propostas, elas têm o mérito de sacudir a participação da cidadania, e devolver um pouco de credibilidade ao esforço de aprimorar nosso sistema político, para que ele se torne instrumento de participação popular, e a política volte a ser exercida de maneira organizada e confiável pelos cidadãos, em vista do bem de todos.
Pe. Marco José Almeida
Pároco
Pe. José Geraldo da Silva Reis
Vigário